sexta-feira, 15 de abril de 2011

O D I S S E U


Um amigo muito querido conto-me um sonho que teve. Às vezes, Gosto de ouvir relatos dos sonhos dos outros, inclusive, se eu tivesse talento para transcrever o meus, o faria com satisfação. Mas não consigo.

Ainda me recordo dos detalhes. Foi há bastante tempo. Acredito que tenha sido no início do ano 2001. Não conseguir esquecê-lo em virtude de sua particular simbologia e também pelo fato de que nesta época o meu referido amigo se encontrava em uma situação difícil.

Ele estava desempregado, morando na casa de parentes em outra cidade, sem estudar, sem dinheiro, e procurando entender os reais motivos para tantas adversidades. Na verdade, ele parecia sem rumo. Tudo isto me deixava apreensivo. Foi um período meio nebuloso de sua vida.

Ainda hoje, quando topo com ele na rua, as lembranças tristes desses dias me alcançam e fico melancólico, pois não pude, na ocasião, ajudá-lo como merecia.

Mas voltemos ao sonho. Ele mencionou que “se encontrava no meio do mar durante uma tempestade. As ondas eram ameaçadoras. Era noite. O vento balançava com ferocidade e violência o meu pequeno barco branco. Não sei como posso explicar, mas ao longe podia avistar rochas.

E o perigo era exatamente o confronto com elas, pois minha embarcação não suportaria o embate. Toda a minha inquietação concentrava-se em não colidir com as pedras. Todo meu esforço era para me manter afastado.

Contudo, tudo parecia inútil. Eu não conseguia retroceder nem avançar ou sobrepujar as ondas. Não havia alternativa se não a colisão, pois percebi que não possuía remo, velas, nem qualquer outro recurso que alterasse a direção para me salvar dos rochedos.

Se houve o acidente fatal, se me afoguei nas águas profundas do oceano, ou se fui tragado por algum monstro marinho, não sei afirmar, pois o sonho acabava justamente quando eu me apercebia da ausência dos equipamentos necessários para manejo adequado do meu barco.”

Meu amigo ainda continua no mar. O rochedo não retrocedeu. E de vez em quando ele ouve trovões e ameaças de tempestades.

Mas pelo que sei, em seu pequeno barco branco, hoje há velas e remos. E ele continua em busca do porto seguro.


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