quinta-feira, 5 de maio de 2011

N A T I V O


Um Índio
Composição : Caetano Veloso

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

(Refrão)

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Ponto de Chegada


Fico me perguntando: O que realmente caracteriza um vencedor? O que diferencia uma pessoa que chegou lá de outra que ainda não chegou? Que elementos são encontrados na personalidade de alguém que é considerada de sucesso? E o que é sucesso? E quem determina onde fica este “chegou lá”?
Estes questionamentos iniciais deveras nos colocarão numa posição reflexiva. Podem existir outras interrogações ainda mais reveladoras. E quem sabe, talvez, nos apontarão caminhos nunca antes trilhados.
Por exemplo, é o objeto que sinaliza um vencedor ou o indivíduo é quem escolhe o objeto? Num pódio, é fácil reconhecer o primeiro colocado, pois este local é um sinal de que muitos ficaram para trás e somente um deva receber o troféu de campeão.
Então, quer dizer que, ser o primeiro em alguma disputa implica dizer que alguém vai perder somente porque chegou em segundo,terceiro, ou em quarto lugar, e que eu sou o único vencedor porque sou  o mais rápido?E por isto devo receber o prêmio?
Ou Simplesmente porque a medalha está comigo e não com os outros? Mas os outros também não correram?”Sim, todos correram, porém eu cheguei primeiro”. Eu poderia ouvir esta afirmação. E, na verdade, esta resposta seria a comumente aceita.
Contudo, levanto a seguinte questão: Se nesta corrida muitos correram e completaram o percurso atravessando a linha de chegada, então porque só um leva a medalha? E esta referida premiação representa o que exatamente?
Acredito que deva representa muitas coisas. E, acredito também que o significado maior seja para quem a receba. É ele quem lhe atribui o seu digno valor. Que pode ser relativamente diferente para cada um. Até mesmo para o leitor que ler este artigo quanto para quem o escreve.
O olhar sobre o prêmio é particular. Intrinsecamente particular. Embora, haja alguma unanimidade quanto a este ou aquele prêmio.
Veja só: Quem venceu a maratona dos jogos olímpicos de 1984 em Los Angeles?
A suíça Gabrielle Andersen entrou no estadio cambaliante terminando a corrida em 37ª lugar.Ela não subiu ao pódio,mas foi ovacionada.E nem lembramos de quem chegou em primeiro.
De que material é revestida a armadura de um vencedor? Resistência, persistência, perseverânça, disciplina, humildade, perdão, arrependimento, ternura, compaixão, honra, coragem, honestidade e virtude podem construir a história de um verdadeiro campeão.
Se a estrada é curta ou longa,  se será o primeiro ou o último a cruzar a faixa de chegada, se será lembrado ou não, quem vai decidir ser o vencedor é você mesmo, pois a vitória é de quem corre.


terça-feira, 3 de maio de 2011

V E N C E D O R

Somos Quem Podemos Ser
Composição : Humberto Gessinger

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão

Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Quero dedicar a letra dessa música ao meu irmão João Batista Angelo como celebração e aos muitos agradecimentos nesta data especial.Feliz aniversário! E que nunca esqueça que somos o que podemos ser.Não desista de sonhar.Você é nosso vencedor.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Signo Dois



Sinais
Dois aviões
Duas torres
Setembro é Nove
Onze
Dois mil e um
Segundo Bush
Bin Laden
Terror
Dois de Maio
Maio é Cinco
Dois e cinco
Sete
Dois mil
E onze
Clamor
Fama
Obama
                                                                          Angelo Potiassu           

domingo, 1 de maio de 2011

Sepulcro de pedras

Cruzei, numa destas noites, vindo da faculdade, com uma árvore morta, tombada no meio de uma praça em frente a três escolas daqui de Mossoró. O tronco robusto, enorme, cerrado, denunciava que sua vida fora longa e que o homem ou qualquer outro evento resolveu ceifá-la.

As praças geralmente são palcos de muitos acontecimentos. Já presenciei vários: Espetáculos artísticos, comícios políticos, protestos estudantis, encontros amorosos, etc. Mas uma das inúmeras praças da cidade, mais precisamente a Praça Dom João Costa, havia se tornado o sepulcro de uma velha árvore.

Quando vi o corpo abandonado, esquecido e seus membros naturais como galhos e folhas amputados uma pergunta, subitamente, me sobreveio: Onde estaria a alma daquela espécime tão emblemática em nosso século perturbado e confuso?

Fiquei imaginando como seria o mundo imaterial das plantas. Haveria dor e sofrimento quando qualquer uma delas deixava de sentir os doces raios do sol? Se a cada queda sem vida de uma árvore houvesse uma última palavra, o que ouviríamos em seu clamor?

Eu, no momento em que passava de ônibus, não conseguir enxergar ninguém lamentando a perda. O local estava escuro e vazio. Nenhum vivente. Somente a morte com sua lâmina afiada.

No outro dia não encontrei, em nenhum jornal, notas de seu falecimento. A indiferença desses desastres terá um preço. Será sumamente alto. Acredito que no futuro, não muito distante, faltará a madeira necessária para sepultarem as vitimas.

Não quero ser dramático nem pessimista. Estou apenas tentando traduzir o que eu sentir e registrando minha indignação para que talvez amanhã, ao folhear qualquer periódico, eu encontre anúncios de solidariedade e consternação pela perda lastimável.  

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