I
Deixe-me
contar o que eu vi:
Eu vi um
homem no chão.
Sob os ombros,
a vida,
mil dores, mil
lâminas,
mil pontas de
espadas afiadas.
II
Deixe-me
contar o que eu vi:
Eu vi a vida
pender, riscando o céu,
lá no alto,
onde a alvorada desvanece e inflama.
Senti o
tremor da terra e dos trovões, a luz.
A luz que arranhou
o Centurião.
III
Deixe-me
contar o que eu vi:
Vi uma
multidão e trôpegos destinos.
E entre estradas,
sentenças e também espinhos
o cálido
olhar e o ombro
de outro
peregrino.
IV
Deixe-me contar
o que eu vi,
bem ali, por
trás dos arbustos:
Eu vi um
homem.
E na negra
solidão, a imensa dor.
E dos lábios
santos, sobressaltou-se o meu nome.
V
Eu não pude
está lá,
Nem velar,
nem aplacar,
Eu não
pude...
E num passo
assombrado e triste,
solenemente, me
retirar.
VI
Deixe-me
contar o que saindo dali, eu fiz:
Duas longas noites
supliquei.
E após cinzentos
dias,
em meio às
sombras,
Uma luz
surgia.
VII
Agora me
deixe contar o que eu vi naquele dia:
Eu vi um
homem e Ele não estava no chão.
Vestido de
relâmpago e do meio do clarão,
Com
Sua doce voz, livre,
Ele me fazia.
Poema apresentado durante o Show de Talentos
Ala Abolição - Estaca Mossoró - 24/AGO/2013