sexta-feira, 25 de maio de 2012

Poesia: Réstia







Poeira, pedra e terra seca,
Cana, madeira, palha
Homem e vento...
Angicos, feiras, cidades
Longe demais...
Passos lentos, açoites,
O animal geme,
Carcará  espreita, calado
Caminhos tristes
vergados pela ausência
Falta chuva, sobra sol, e noite escura
Olhos finos, finos e dor,
Cercados, cercas e arados,
É dos outros...
O meu...
A réstia vida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vamos descriminalizar o crime


 


Até quando vamos ouvir insinuações perversas contra ao aglomerado social a que chamamos Sociedade? Existe uma severa luta a favor de elementos que podem minar as tão corroídas bases da civilização.

E na verdade, onde reside este “monstro”?
 
As pessoas temem tanto serem civilizadas que qualquer alusão a regras ou padrões de convivência humana tende, sem medo algum de afirmar, receber apodo de repressão.

Segundo o pai dos sábios, o dicionário Aurélio, repressão é o ato ou efeito de reprimir. Logo, reprimir é o mesmo que não deixar que aconteça; conter, coibir e refrear.

Acredito ser soberano o direito a liberdade. O direito de ser cidadão coexiste, ambos, abraçados com o dever de promover o bem comum. Esse bem, que deve ser de todos, permanece intransferível, pois o mesmo torna também soberano o meu direito de ser eu.

E quando eu deixo de ser eu?

Quando eu admito que não há necessidade de padrões tolerantes de coexistência humana.Eu corro o serio risco de ter minha individualidade violada; meu espaço atropelado pelos desejos baixos e egoístas tão presentes na nossa espécie.

Liberdade para fazer isso. Libertinagem pra fazer aquilo. Ouvimos isto diariamente nas calçadas virtuais, nos muros pichados, na cartilha do libertino, nos livros dos desonestos, no riso cínico do ladrão, nos abraços do hipócrita, e nos beijos do mentiroso. Eles estão imitindo seus sinais terroristas. Eles fazem guerra contra si mesmo e não percebem a tolice de seus discursos infames.

E quais são os discursos?

Ora, está ai: nas letras das musicas que banalizam o sexo e a feminilidade da mulher, nas novelas que ridicularizam as relações de família, nos programas de TV que divulgam a violência gratuita, nos intervalos comerciais que fazem apologia a bebida alcoólica, nos jornais baratos que menospreza o individuo, nas passeatas que clamam por consumo de drogas legais e legalizadas, e na pornografia nos filmes ditos cults, para gente culta ver. 


E em tantas outras insinuações que de tanto parecer comum, e sem perceber, estamos dormindo com elas. Viramos reféns. Sequestramos a nós mesmo. E não pedimos regaste. Esse preço quem vai pagar será a geração futura. Elas irão ver, no espelho dos livros antigos, o quanto nos afastamos do civil e abraçamos e casamos com o vil.E lamentarão.

E Lamentarão o que?

Que o respeito foi abolido. Que a verdadeira liberdade suprimida. Que a igualdade foi iludida. Que o crime compensa. Que o individuo foi supreendido pelo desejo coletivo do “faça o que voce quiser. Desde que seja feliz”.

Se ser repressor é tentar refrear o animalesco sujeito oculto do homem, então eu sou um repressor.

O que eu não pretendo é  descriminalizar o crime contra mim.

Isso eu não posso fazer.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Poesia: Pedro Rufino





Pedro é Rufino...
Sua alma não cabe no gibão
Armadura de pele e aço,
Resistente bravura,
Pequeno, olhos verdes, cabelos finos
Medo nenhum da caatinga densa,
Assombro nem coisa de outro mundo...
Contos e causos no meio da noite
Eu, todo espantado, esperando o desfecho,
No fim , uma risada, um abraço ...
Brasa e campos, todo vestido de sol e esperança,
Mesmo na ausência, não sentia falta
A vida estava em cima do cavalo tangendo boiada
È dos outros,
Dele, apenas a filharada,
Tesouro eterno, ninguém toma,
Tudo seu.
14 rufinos pelejando na estrada
Ele tocou a terra cavou estrelas...
Não se desfez,
Está aqui cravado nas retinas...
Dormindo nas lembranças...
Ê boi...
Levantou poeira, riscou o céu
Há Rufino no mundo...
Aqui estou eu.
 Pedro Rufino,é meu avô materno.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Poesia: Panela de barro




 



Panela de barro

Fogão a lenha
Cinza, panela e fogo
Vermelho quase negro
Labaredas esquentando os dedos tortos
Braços cor de índio
Lenço perfumado e fumaça
Pipoca, feijão e peixe
Cantigas e mimos
Vista cansada...
Paredes de barro
Chão de terra batida
Essinho venha cá”
Vou correndo, desembestado
Beijos de Vó
Chamuscado de açúcar
Abraço de mãe
Aconchego e céu
Laços e bênçãos
Dores e Conceição
Vive a minha avó
No oratório do meu coração.
                                                                          
Maria da Conceição Tenório de Moura, minha  avó materna.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...