terça-feira, 31 de julho de 2012

NOSSA JORNADA ETERNA


Uma mensagem muito importante pode estar sendo emitida, mas nem todos a recebem do mesmo modo nem ao mesmo tempo, pois a percepção do seu valor é individual. E o Senhor conhecendo as necessidades de cada um de seus filhos anseia que a mensagem nos chegue de maneira pessoal para que juntos nos compreendamos e juntos nos regozijemos(DeC50:22).

Mas para que isso aconteça precisamos ficar atentos e seguir seu conselho registrado nas escrituras sagradas de “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus...” (Salmos 46:10).

A advertência de “aquietar-se” remete ao desejo de atentar para sua palavra “que é viva e poderosa...” (DeC11:2).Deste modo quero dizer que o Senhor pode estar querendo falar conosco por meio de sua “voz mansa e delicada, que sussurra através de todas as coisas...” (DeC85:6),mas de algum modo não a percebemos por simples falta de atenção.

Ser edificado requer uma condição particular de escolher estar num lugar mais elevado, por isso quando individualmente decidimos ergue-nos além do “... escuro véu da incredulidade” (Alma 19:6) é bem provável que o grupo a nossa volta, sentindo nossa influência, decida também erguer-se, pois “luz apega-se a luz.” (DeC 88:40).

Sendo assim “aquietar-se” é o verbo que antecede a revelação.

Em muitas ocasiões na vida somos chamados a ficar quietos para notar com assombro a mão amorosa e sempre presente de nosso amado Pai Celestial que pode estar num artigo da revista A Liahona, na visita dos Mestres Familiares ou das Professoras Visitantes, num filme que traz uma mensagem inspiradora, num discurso na Reunião Sacramental ou no testemunho de um irmão durante as aulas na Escola Dominical. 

O segredo é ficar atento.

Recentemente uma experiência pessoal me fez pensar em nossa jornada pela mortalidade.

Estive num hospital acompanhando um amigo que havia levado um ente querido para tomar uma medicação. No mesmo quarto, também alojada para tomar medicamentos, encontrava-se uma senhora bastante debilitada. Ele ficou sabendo sobre o caso e logo me relatou. A situação era delicada, pois o médico informara aos parentes que ela teria somente 03 meses de vida. A família, então se mobilizou com cuidados, carinho e atenção.

Estavam cientes da situação. O câncer havia se alastrado e a morfina era o único remédio para amenizar as dores. Contudo era notável o terno cuidado da filha no leito da mãe. Ela não soltava suas mãos e não retirava seu olhar. Parecia que ambas queria consolar uma a outra. Mitigar a dor e a tristeza por estarem ali, porém não havia tristeza, queixas ou sinal de ressentimentos. Havia silencio e cumplicidade, embora a filha soubesse do diagnóstico terminal e a mãe, não.

Em determinado momento foi necessário retira-la da cama. Com esforço, a filha e outros familiares, a ergueram, ela levantou-se, e neste instante seu olhar cruzou-se com o meu, que de longe a observava. Resignadamente enquanto descia do leito seu semblante esboçou um leve sorriso. Eu inclinei minha cabeça meio sem jeito e fechei meus olhos com certo respeito e admiração, pois não sabia se em tais circunstâncias eu estaria exibindo algum sorriso.

Em ocasiões assim alguém poderia indagar: Por que essas coisas nos acontecem?Por que há tanta dor e sofrimento no mundo? Essa indagação geralmente é acompanhada por outras perguntas bem conhecidas, do tipo:
 
Por que estamos aqui?
De onde viemos?
Para onde vamos?
Qual o propósito da vida?

Essas questões cruzam a nossa vida e precisam de respostas. O mundo se debate com elas há muito tempo e parece que quanto mais se perguntam mais perdidos eles ficam. Talvez estejam olhando pra o lugar errado. Ou quem sabe buscam em fontes não confiáveis do conhecimento finito do homem. Eu acredito que seja este o caso e me apego ao Presidente Thomas S. Monson, que na Conferência Geral de Abril deste ano declarou:

A resposta a essas perguntas não se descobre folheando as páginas de livros acadêmicos (...). Essas perguntas transcendem a mortalidade. Elas abrangem a eternidade.”(pag. 91, A Liahona, Maio, 2012)

Para que o homem alcance as eternidades ele precisa olhar para o céu com mais freqüência. Se ele deseja ter acesso a fonte  da sabedoria ele deve voltar o coração para o Todo Poderoso. Esse é o caminho mais seguro para o conhecimento e aquele que busca encontra e ao que pede recebe, porque O Pai Celestial deseja conceder-nos sua orientação e Ele não faz acepções de pessoas e “a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto...” (Tiago 1:5).
Com relação à dor e ao sofrimento humano a pergunta referente é:

Por que estamos aqui?

Há um propósito na vida. Não estamos aqui por acaso. As revelações antigas e modernas atestam essa verdade eterna. No Plano do Pai Celestial esta Terra é o local organizado para que seus filhos e filhas fossem provados em “todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar.” (Abraão 3:25). Somos ensinados também que “é necessário que haja uma oposição em todas as coisas.” (2 Néfi 2:11) Como provaríamos o doce sabor da alegria se não soubesse quão amarga é a miséria? (2 Néfi 2:23)

O que seria do doce se o amargo não fosse provado? Como poderíamos enxergar a virtude e a luz se o pecado e a escuridão não fossem identificados? Como poderíamos render louvores ao Senhor da vida se no meio do caminho da perfeição não encontrássemos a breve separação da morte? Como explicou Leí ao seu filho Jacó, “... Deus concedeu, portanto, que o homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro.” (2 Néfi 2:16).

Nesta condição terrena temos a oportunidade de usar o livre arbítrio e fazer escolhas e de agir por nós mesmos; Mas como não somos perfeitos, o Senhor sabia que fatalmente faríamos escolhas erradas na vida e pensando nisso Ele reservou “... um tempo ao homem para que se arrependesse sim um período probatório.” (Alma 42:4) Esta vida tornou-se, por isso “... um estado de provação.” (Alma 12:24) Um tempo para executarmos nossos labores e prepararmos para reencontrar Deus. (Alma 34:32)

Digo reencontrar, pois a verdade silenciosa que chega a nossa alma é que não somos daqui.

De onde viemos?
 
Viemos de Deus. Nossa existência não começou aqui. “... cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destinos divinos.” (A Família – Proclamação ao mundo). Esse conhecimento conquistado pela fé no Plano de Felicidade torna-se “... uma âncora para a alma dos homens.” (Éter 12:27). O Profeta Joseph Smith revelou que “... estávamos no principio com Deus.” (DeC93:29). Nós o conhecíamos, pois Ele é o Pai de nosso espírito (Hebreus 12:9), somos a sua geração (Atos 17:28), “como também nos elegeu (...) antes da fundação do mundo...” (Efésios 1:4) para sermos filhos e herdeiros de seu Reino e co-herdeiros com Cristo das glórias celestiais. (Romanos 8:17). 

Glórias celestiais! Que destino maravilhoso!

Para onde vamos?

Nas palavras do Presidente Monson: “Graças à vitória de Cristo sobre a morte, todos seremos ressuscitados. Essa é a redenção da alma. Paulo escreveu: “E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres.”(I Coríntios 15:40). É a glória celestial que buscamos.É na presença de Deus que desejamos habitar.É de uma família eterna que queremos ser membros.Essas bênçãos são alcançadas por meio de uma vida de esforço, de busca, de arrependimento...” (A Liahona, Maio 2012, pág. 93).

Qual o propósito da vida?

Quero usar o que disse nosso Profeta: “Deus, nosso Pai, e Jesus Cristo, nosso Senhor, demarcaram o caminho...Eles nos chamam para que escolhamos as verdades eternas e nos tornemos perfeitos como Eles são perfeitos.” (...)

E também nos consola quando ensina que Eles “...não nos lançou em nossa jornada eterna sem preparar meios pelos quais pudéssemos receber orientação para garantir nosso retorno seguro.Refiro-me à oração.refiro-me também ao sussurro da voz mansa e delicada; sem esquecer as santas escrituras, que contêm a palavra do Senhor e as palavras dos profetas, dadas a nós para ajudar-nos a cruzar com sucesso a linha de chegada.” ( A Liahona, Maio, 2012, pág. 92).

Lembremos sempre que a dor passa, que a tempestade se acalma, que nunca estamos sozinhos, que nossa cruz é compartilhada com Ele que tudo sofreu para nos resgatar.Lembremos o que ensinou o  Profeta Leí  de que  “... os homens existem para ter alegria.” (2 Néfi 2:25).

No Plano de Nosso Pai Celestial essa alegria é completa pela redenção que Ele concede por meio do Filho, nosso Senhor, o mediador de todos os homens, o Salvador Jesus Cristo.
(2 Néfi 2:9).

Então, quando nos depararmos com essas questões universais podemos começar ponderando suas palavras registradas nas escrituras ou podemos atender sua voz por meio da voz dos seus servos, os Profetas que nos convida com “...ternura, dizendo a todos: “voltem.Subam.Entrem.Voltem para casa.Voltem para mim.” (A Liahona, Maio, 2012, pág.93).


O desafio da vida é manter longe de nós as sombras do egoísmo, da inveja, da indiferença, do mau humor, do apontar de dedos, do sarcasmo, da dúvida, da malícia e tudo que possa sufocar a presença do Espírito do Santo.
  
Que nossa prece diária ao Pai Celestial seja sempre “Faz-me, Faz-me andar só na luz.”(Hino SUD 199). 



 Discurso proferido na Reunião Sacramental da Ala Abolição em 29 de julho de 2012, Estaca Mossoró-RN
Imagem:Templo de Curitiba-PR







quarta-feira, 27 de junho de 2012

Desirella


No filme animação de Carlos Eduardo Nogueira, Desirella, com duração de 10 minutos e cinqüenta e dois segundos, trás como enredo o culto a beleza. A personagem principal, uma senhora aparentemente sozinha e destituída de juventude, formosura e saúde, aguarda em sua casa a entrega de um objeto em que deposita extrema confiança de que o mesmo devolverá os atributos que lhes são tão carentes. 
 
O místico produto, materializado na forma de um belo par de sapatos, era o centro dos seus desejos. Ao usá-lo, a vida seria diferente. O mundo seria um lugar belo, vivo e atraente. Ela daria adeus a tudo que era feio e solitário.

E assim pensou e passou agir. No espelho não encontrou mais as rugas nem a velhice. Os hábitos perniciosos foram substituídos pelas práticas salutares. A mocidade retornou acompanhada de viço e sensualidade característicos. Sua pessoa alcançou as passarelas e o centro dos desejos alheios. 

Tudo isso impulsionado pelos os lindos sapatos.
 
A busca pela eterna juventude e culto a beleza pertencem ao rol das ideias perturbadoramente fixas. Elas consomem tempo, energia, dinheiro e relacionamentos. Os homens e as mulheres se tornam escravos do espelho, da balança, das plásticas, dos exercícios físicos, dos acessórios de grifes, dos cosméticos, e qualquer objeto que exale promessas de jovialidade rápida e perene. 

Não seria danoso usar desses elementos nas doses exatas de promoção de bem estar e saúde, mas fica difícil mensurar a dose certa quando a mídia espalha modelos ideais de beleza e popularidade a todo o momento.

Somos cercados pela ditadura padronizada da revista, Televisão, Cinema, personalidades esportivas e pela indústria da moda. Se não tiver o corpo parecido com o do tal fulano voce está fora do padrão. E se eu não usar tal cosmético não serei belo nem feliz.

Essas insinuações consumisticas tornam-se um perigoso caminho quando nos deixamos levar pelos outdoors ao longo da estrada da vida.

O sugestivo talvez seja o equilíbrio do uso de um ou de outro recurso promocional da saúde e do bem estar pessoal.

E o termômetro para saber se não ultrapassei a linha talvez seja a quantidade de vezes em que o assunto peso, medida, forma física, cor de cabelos, roupas e acessórios, cosméticos, botox, remédio moderador, suplementos calóricos surgem no meu dia a dia. 

Se o assunto ficou cotidiano, tome cuidado.




Veja  aqui o filme e tire suas conclusões:

domingo, 24 de junho de 2012

O Chamado a servir



Sempre considerei o púlpito um lugar sagrado.É deste local que muitas vezes o Senhor fala conosco.Por meio de servos inspirados Ele atende ao nosso clamor e diz:“Eis-me aqui” (Isaías 58:9).Por isso é importante ficar atento e fazer anotações do que sentimos enquanto ouvimos os discursantes, pois O Senhor pode está falando.
                                                                 
O serviço ao próximo é uma honra e também um privilégio porque “quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17) assim ensinou o Rei Benjamim.Talvez esta tenha sido uma das primeiras lições que recebemos do nosso Pai Celestial antes de virmos para cá.

Lembro-me de uma ocasião em que recebia treinamento do meu Presidente de Missão.Eu tive a nítida impressão, acompanhada de um forte sentimento, de que eu já havia sido treinado sobre aquele assunto antes.

O Presidente Joseph F. Smith, numa revelação em 1918 declarou, sobre aqueles designados ao serviço no reino de Deus de que: “Mesmo antes de nascerem, eles, com muitos outros, receberam suas primeiras lições no mundo dos espíritos e foram preparados para nascer no devido tempo do Senhor, a fim de trabalharem em sua vinha para a salvação da alma dos homens.” (DeC 138: 56)

O Salvador ensinou a seus discípulos no Sermão da Montanha “que tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei...” (Mateus 7:12).

E ainda ressaltou na ocasião do lava pés: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como vos fiz, façais vós também” (João 13:15)

Parece que neste caso o serviço torna-se um requisito para o discipulado e a lei do evangelho.

Eu era professor do Instituto,e estava terminando a lição daquela semana, quando meu telefone tocou.Atendi e reconheci a voz de uma velha amiga.Fiquei feliz em ouvi-la.Conversamos bastante, rimos e relembramos muitas coisas.No final, lembro que terminei assim nosso papo: “Volte pra Igreja.Lá é seu lugar.” Nos despedimos e encerrei os preparativos da aula.Logo em seguida, senti que deveria ir à capela.Já era noite e chovia , e mesmo assim sentia que deveria ir.Mas não conseguia lembrar exatamente o que eu tinha que fazer lá.Recordei que haveria uma atividade da O.R naquele fim de semana e precisava tratar dos detalhes com o Bispo.

Chegando a Capela encontrei o Presidente da Estaca num treinamento, o Bispo e o Presidente do Quórum de Élderes no bispado.Eles já estavam no final de uma reunião.Entrei, tratamos dos detalhes da atividade e levantamos pra sair quando o telefone tocou. O Bispo atendeu, alguns segundos depois fez uma cara estranha e disse: “Só um minuto irmã” e entregou o telefone ao Presidente do Quórum informando que uma família estava precisando dele.O irmão atendeu e após alguns minutos, também fez uma cara estranha.

Agora estávamos todos sentados novamente esperando o fim da ligação.O Presidente encerrou a conversa afirmando que eles já estavam indo vê-la.Eles se levantaram e eu acrescentei:” Pois tá bom Bispo, vou indo.” Ele disse:” Voce vai com a gente” Fiquei atônito, mas resolvi seguir e sai atrás deles.

Chegamos os três a casa da irmã. Ela estava parada em frente a porta de entrada chorando e nos explicou o ocorrido. A família estava muito aflita.Havia sérios problemas.

O Bispo e o Presidente do Quórum procuraram acalmá-la. A irmã se dirigiu a mim, mas todo o meu conhecimento havia sumido naquele instante.Não sabia o que dizer.Quando abri a boca pra expressar alguma coisa o Presidente da Estaca, que havia sido avisado, apareceu correndo. Ele se aproximou, e calmamente assegurou que tudo iria terminar bem.  E realmente , após algumas horas, tudo terminou bem.


Naquela noite eu voltei para casa me sentindo honrado por está na presença daqueles homens.

Outro dia, minha mãe me contou que sentiu falta de certa irmã e resolveu visitá-la.No caminho de sua casa sentiu que deveria entrar no supermercado e fazer algumas compras.Ficou incomodada com isso, pois não sabia como seria recebida.Mesmo assim resolveu seguir aquela impressão.Na casa da irmã, depois de conversarem, ela ofereceu, meio que sem jeito, as compras que havia feito.A irmãzinha agradeceu a oferta, recebeu, informando que naquele dia ela havia colocado no fogo a última porção da feira.E que não teria mais o que comer naquela semana.

O homem que porta o Sacerdócio recebe o poder quando está servindo aos outros.A mulher amplia sua virtude quando socorre e ampara os necessitados.

É este o chamado do Mestre.O chamado a servir. O chamado para “carregar os fardos uns dos outros .” (Mosias 18:8).

Cristo nos ama.Ele vive.Ele é o Bom pastor.Ele, muitas vezes, usa seus servos para socorrer suas ovelhas.




Discurso proferido durante a Reunião Sacramental na Ala Centenário, Estaca Campina Grande-PB, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Poesia: Réstia







Poeira, pedra e terra seca,
Cana, madeira, palha
Homem e vento...
Angicos, feiras, cidades
Longe demais...
Passos lentos, açoites,
O animal geme,
Carcará  espreita, calado
Caminhos tristes
vergados pela ausência
Falta chuva, sobra sol, e noite escura
Olhos finos, finos e dor,
Cercados, cercas e arados,
É dos outros...
O meu...
A réstia vida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Vamos descriminalizar o crime


 


Até quando vamos ouvir insinuações perversas contra ao aglomerado social a que chamamos Sociedade? Existe uma severa luta a favor de elementos que podem minar as tão corroídas bases da civilização.

E na verdade, onde reside este “monstro”?
 
As pessoas temem tanto serem civilizadas que qualquer alusão a regras ou padrões de convivência humana tende, sem medo algum de afirmar, receber apodo de repressão.

Segundo o pai dos sábios, o dicionário Aurélio, repressão é o ato ou efeito de reprimir. Logo, reprimir é o mesmo que não deixar que aconteça; conter, coibir e refrear.

Acredito ser soberano o direito a liberdade. O direito de ser cidadão coexiste, ambos, abraçados com o dever de promover o bem comum. Esse bem, que deve ser de todos, permanece intransferível, pois o mesmo torna também soberano o meu direito de ser eu.

E quando eu deixo de ser eu?

Quando eu admito que não há necessidade de padrões tolerantes de coexistência humana.Eu corro o serio risco de ter minha individualidade violada; meu espaço atropelado pelos desejos baixos e egoístas tão presentes na nossa espécie.

Liberdade para fazer isso. Libertinagem pra fazer aquilo. Ouvimos isto diariamente nas calçadas virtuais, nos muros pichados, na cartilha do libertino, nos livros dos desonestos, no riso cínico do ladrão, nos abraços do hipócrita, e nos beijos do mentiroso. Eles estão imitindo seus sinais terroristas. Eles fazem guerra contra si mesmo e não percebem a tolice de seus discursos infames.

E quais são os discursos?

Ora, está ai: nas letras das musicas que banalizam o sexo e a feminilidade da mulher, nas novelas que ridicularizam as relações de família, nos programas de TV que divulgam a violência gratuita, nos intervalos comerciais que fazem apologia a bebida alcoólica, nos jornais baratos que menospreza o individuo, nas passeatas que clamam por consumo de drogas legais e legalizadas, e na pornografia nos filmes ditos cults, para gente culta ver. 


E em tantas outras insinuações que de tanto parecer comum, e sem perceber, estamos dormindo com elas. Viramos reféns. Sequestramos a nós mesmo. E não pedimos regaste. Esse preço quem vai pagar será a geração futura. Elas irão ver, no espelho dos livros antigos, o quanto nos afastamos do civil e abraçamos e casamos com o vil.E lamentarão.

E Lamentarão o que?

Que o respeito foi abolido. Que a verdadeira liberdade suprimida. Que a igualdade foi iludida. Que o crime compensa. Que o individuo foi supreendido pelo desejo coletivo do “faça o que voce quiser. Desde que seja feliz”.

Se ser repressor é tentar refrear o animalesco sujeito oculto do homem, então eu sou um repressor.

O que eu não pretendo é  descriminalizar o crime contra mim.

Isso eu não posso fazer.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Poesia: Pedro Rufino





Pedro é Rufino...
Sua alma não cabe no gibão
Armadura de pele e aço,
Resistente bravura,
Pequeno, olhos verdes, cabelos finos
Medo nenhum da caatinga densa,
Assombro nem coisa de outro mundo...
Contos e causos no meio da noite
Eu, todo espantado, esperando o desfecho,
No fim , uma risada, um abraço ...
Brasa e campos, todo vestido de sol e esperança,
Mesmo na ausência, não sentia falta
A vida estava em cima do cavalo tangendo boiada
È dos outros,
Dele, apenas a filharada,
Tesouro eterno, ninguém toma,
Tudo seu.
14 rufinos pelejando na estrada
Ele tocou a terra cavou estrelas...
Não se desfez,
Está aqui cravado nas retinas...
Dormindo nas lembranças...
Ê boi...
Levantou poeira, riscou o céu
Há Rufino no mundo...
Aqui estou eu.
 Pedro Rufino,é meu avô materno.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Poesia: Panela de barro




 



Panela de barro

Fogão a lenha
Cinza, panela e fogo
Vermelho quase negro
Labaredas esquentando os dedos tortos
Braços cor de índio
Lenço perfumado e fumaça
Pipoca, feijão e peixe
Cantigas e mimos
Vista cansada...
Paredes de barro
Chão de terra batida
Essinho venha cá”
Vou correndo, desembestado
Beijos de Vó
Chamuscado de açúcar
Abraço de mãe
Aconchego e céu
Laços e bênçãos
Dores e Conceição
Vive a minha avó
No oratório do meu coração.
                                                                          
Maria da Conceição Tenório de Moura, minha  avó materna.
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