No
filme animação de Carlos Eduardo Nogueira, Desirella,
com duração de 10 minutos e cinqüenta e dois segundos, trás como enredo o culto
a beleza. A personagem principal, uma senhora aparentemente sozinha e
destituída de juventude, formosura e saúde, aguarda em sua casa a entrega de um
objeto em que deposita extrema confiança de que o mesmo devolverá os atributos
que lhes são tão carentes.
O místico
produto, materializado na forma de um belo par de sapatos, era o centro dos seus desejos.
Ao usá-lo, a vida seria diferente. O mundo seria um lugar belo, vivo e
atraente. Ela daria adeus a tudo que era feio e solitário.
E assim pensou e
passou agir. No espelho não encontrou mais as rugas nem a velhice. Os hábitos
perniciosos foram substituídos pelas práticas salutares. A mocidade retornou
acompanhada de viço e sensualidade característicos. Sua pessoa alcançou as
passarelas e o centro dos desejos alheios.
Tudo isso impulsionado pelos os
lindos sapatos.
A busca pela eterna juventude e culto a beleza
pertencem ao rol das ideias perturbadoramente fixas. Elas consomem tempo,
energia, dinheiro e relacionamentos. Os homens e as mulheres se tornam escravos
do espelho, da balança, das plásticas, dos exercícios físicos, dos acessórios
de grifes, dos cosméticos, e qualquer objeto que exale promessas de jovialidade
rápida e perene.
Não seria danoso usar desses elementos nas doses exatas de
promoção de bem estar e saúde, mas fica difícil mensurar a dose certa quando a
mídia espalha modelos ideais de beleza e popularidade a todo o momento.
Somos
cercados pela ditadura padronizada da revista, Televisão, Cinema,
personalidades esportivas e pela indústria da moda. Se não tiver o corpo
parecido com o do tal fulano voce está
fora do padrão. E se eu não usar tal cosmético não serei belo nem feliz.
Essas
insinuações consumisticas tornam-se um perigoso caminho quando nos deixamos
levar pelos outdoors ao longo da
estrada da vida.
O sugestivo talvez seja o equilíbrio do uso de um ou de outro
recurso promocional da saúde e do bem estar pessoal.
E o termômetro para saber se não ultrapassei a
linha talvez seja a quantidade de vezes em que o assunto peso, medida, forma
física, cor de cabelos, roupas e acessórios, cosméticos, botox, remédio
moderador, suplementos calóricos surgem no meu dia a dia.
Se o assunto ficou
cotidiano, tome cuidado.
Veja aqui o filme e tire suas conclusões:
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