quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Som que vem da Mata

O barulho das crianças brincando no quintal, um pula daqui outro salta de lá, é um corre-corre de infância alegre que não tem fim.
Da cozinha o cheiro preenche o espaço me convidando pra beslicar  a comida.Uns amigos apontam no jardim, o relógio e seu tic-tac que não me  deixa esquecer o tempo que  se esvai.
A mocidade, que por pirraça, deseja me abandonar. Mas Eu, relutantemente, a seguro pelos cabelos ondulosos em tal ansiedade que o perfume do jasmim fica  gravado em minhas mãos.
Um colibri que invadi a sala chamando atenção, os primeiros raios e trovões avisando a chuva que se aproxima e a terra se prepara para receber os doces e molhados beijos dos céus.
Contos do baú, historias  a beira do fogão, os afagos de tios e tias, a música que salta na voz da radio AM, os discos de Orlando Silva, o alvoroço de fecha-fecha de portas e janelas impedindo que a chuva também participe da reunião familiar, mas ela teima em tamborilar nos baldes que estão por toda parte.
Eu adoro ver o encontro da terra com a água.E juntas, abraçadas, correr para as profundezas da mata.
E da Mata para as folhas, das folhas para os olhos, dos olhos para os ouvidos e dos ouvidos para o sem-fim da alma.
Da Mata eu espero tudo: O ronronar dos gatos, o vestido colorido, o medo do escuro, a bacia de manga, o velho na praça, o vermelho, a novela das 8, a trança nos cabelos, a tv roubada.
Da Mata, só não me deixe só. Isso seria um absurdo.

2 comentários:

  1. Iive e tenho impressões adversas da infãncia: das festas comemorativas na escola, dos desfiles cívicos fardado, da festa junina quando dançava na quadrilha e das viagens...
    As viagens com pai no caminhão eram e é o melhor que tenho da infância: Petrolina, Fortaleza, Natal e a pequena Paraíba com interior imenso.
    Outra marca infantil na memória foi cada um dos sujeitos exóticos que moram por perto da minha casa. As roupas, as falas deles e o modo como andam puxavam a atenção de dentro de casa. Sabiamos o apelido delas...
    O Som que não vinha da Mata e sim do homem que vendiageléia, do tocador de cavaco chinês, da buzina do sorveteiro e da menina com o tabuleiro de cocadas cantando após o almoço. O Som era humana, tipicamente humano e urbano.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...