sábado, 22 de janeiro de 2011

O Contemplador das águas

                                   
O cheiro da terra quando a chuva toca sua face emana tanta poesia. São poemas cravados na mente e que a memória insiste em mantê-los vivos.
Sou inundado de lembranças simplesmente quando ouço o barulho da água escorrendo pelo telhado de minha casa.Tenho o desejo de prendê-las para sempre em algum baú atemporal.
Certa ocasião fui surpreendido com o deslumbramento do meu sobrinho observando os pingos da chuva se despencando dos céus. Ele estava fascinado com o evento.Parecia hipnotizado, e neste transe, fui inspirado a fazer a mesma coisa.Sem que ninguém notasse retirei-me para a outra janela em busca do mesmo encantamento.
De vez em quando, ainda hoje, me pego repetindo o mesmo gesto quando sinto o tamborilar das águas.
O cinza que banha o mundo, os primeiros trovões, o corre-corre de donas de casas retirando as roupas do varal, algazarra de meninos seminus ansiosos pelo banho de bica...
É o tempo alterando o cotidiano e fincando suas marcas na alma do homem. Coisas, roupas úmidas, quarto escuro, livros, rede armada na sala, lençóis e travesseiros, filmes, contos, risadas, pipoca, chá quente, abraços apertados e o menino na janela contemplando as águas.

Um comentário:

  1. ISSO FAZ ME LEMBRAR DA VELHA INFÂNCIA, APESAR DA CHUVA SEMPRE ME DEIXAR MELANCÓLICO.

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