quarta-feira, 6 de abril de 2011

Do Baú


Há dias que ficamos vasculhando no tempo explicações para o que estamos sentindo. E não encontramos a resposta facilmente.
Hoje estou como alguém que procura coisas aparentemente perdidas. Algo que possa decifrar os enigmáticos dilemas da alma.
Revirando o baú podemos encontrar lembranças do passado impregnadas de melancolia, fotos antigas, frasco do perfume favorito, cadernos usados, rascunho de poesia inacabada, cartas de amor não enviadas, sentimentos recolhidos, discos arranhados, preces oferecidas, livros sem capa com paginas rotas, vestidos com o aroma de naftalina, retalhos de saudade...
Tudo isso representa reflexos dos sonhos e anseios da vida. Talvez um destes objetos aponte o significado ou quem sabe torne a questão ainda mais obscura.
E de fato se transforme em um grande quebra-cabeça de acontecimentos esquecidos, pois todos eles se esgotaram encontrando seu fim. A colônia não possui mais sua essência. A música não toca mais. O vestido perdeu seu uso. O amor não recebeu a carta. Nem a vida o seu poema.
Este drama da ausência é que realmente acaba incomodando o dia. Guardar o que se acabou é uma maneira de não esquecer o que se passou. É tentar manter perto de nós algo que insistentemente deseja partir. É como se disséssemos para a coisa: “Fica um pouco mais”.
Quero crê que seja esta a razão que preservamos por tanto tempo as fotografias, os livros lidos e relidos, os diários escritos durante a infância e nossos queridos brinquedos quebrados.
Não estão escondidos. Nem abandonados. Mas conservados para fornecer respostas quando somos tantas interrogações.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...