domingo, 25 de agosto de 2013

Poesia: Depois daquele dia





I
Deixe-me contar o que eu vi:
Eu vi um homem no chão.
Sob os ombros, a vida,
mil dores, mil lâminas,
mil pontas de espadas afiadas.

II
Deixe-me contar o que eu vi:
Eu vi a vida pender, riscando o céu,
lá no alto, onde a alvorada desvanece e inflama.
Senti o tremor da terra e dos trovões, a luz.
A luz que arranhou o Centurião.
 
III
Deixe-me contar o que eu vi:
Vi uma multidão e trôpegos destinos.
E entre estradas, sentenças e também espinhos
o cálido olhar e o ombro
de outro peregrino.
 
IV
Deixe-me contar o que eu vi,
bem ali, por trás dos arbustos:
Eu vi um homem.
E na negra solidão, a imensa dor.
E dos lábios santos, sobressaltou-se o meu nome.

V
Eu não pude está lá,
Nem velar, nem aplacar,
Eu não pude...
E num passo assombrado e triste,
solenemente, me retirar.

VI
Deixe-me contar o que saindo dali, eu fiz:
Duas longas noites supliquei.
E após cinzentos dias,
em meio às sombras,
Uma luz surgia.
 
VII
Agora me deixe contar o que eu vi naquele dia:
Eu vi um homem e Ele não estava no chão.          
Vestido de relâmpago e do meio do clarão,
Com Sua doce voz, livre,
Ele me fazia.

                                                          Poema apresentado durante o Show de Talentos 
                                                                         Ala Abolição - Estaca Mossoró - 24/AGO/2013
 
 

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